sábado, 31 de janeiro de 2009

PERDI O SAMBA

Descobri o samba ao suportar uma paixão
A dor me revelou o ritmo de sentimentos,
mas hoje não sei se o conheço mais.
Pois suportar no peito, aquilo que a cabeça desfaz,
destrói todos os ditados, arrebenta as artérias e me faz sangrar
Jorrando de mim todas as verdades, na esperança que uma gota
dê ciência ao teu prazer mais secreto.

Seu Noel tinha razão, Cartola o versou, Dona Ivone traduziu
O samba só é digno para um coração que suportou e não explodiu.

J.L.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BAIRROS DO RECIFE: BOA VISTA




Foi lá que tudo começou... Lá surgiu o Terror do Nordeste(Santa Cruz Futebol Clube). Tem vários lugares para tomar uma boa bebida e comer deliciosos e gordurosos quitutes, Acontecessem por lá excelentes prévias carnavalescas (Bloco do NADA, Amantas da Glória, Mingau de Tia Gera. O Mercado da Boa Vista é um lugar imperdível, próximo ao Pátio de Santa Cruz e lá encontramos tudo isso. No bairro da Boa Vista localiza-se também a principal avenida do Recife, a Av. Conde da Boa Vista.
O bairro da Boa Vista está incluído entre os mais importantes sítios históricos da cidade. Teve sua ocupação iniciada por dois pontos: o Sítio das Salinas (onde no final do século XVII foi construída a Igreja de Santo Amaro); e pela área onde hoje fica a Rua Velha, nas proximidades onde hoje está a Ponte da Boa Vista (construída por Maurício de Nassau em 1643).
Depois, a ocupação se estendeu em direção ao atual Pátio de santa Cruz. Os trechos que deram origem às ruas da Aurora e do Hospício eram mangues, tendo sido realizados aterros. O bairro abriga várias igrejas, entre as quais a Igreja de Santa Cruz (1700) e a Igreja de São Gonçalo (1716). Também fica ali a Praça do Conde D'Eu (hoje denominada Praça Maciel Pinheiro), construída em 1876. Dentre tantos moradores destaco ilustres e valorosos boa vistenses, Tárcio e Áurea, Seu Lundé (o melhor café da manhã para quem tá liso - R$ 1,50/Café pingado, pão com queijo/mortadela e 1 palito), Abraham e Lúcia Helena (um casal sensacional que repousam na zona mista Boa Vista/Derby), Francisco de Assis (o discípulo do Pe. Zezinho) não conheço nenhum deles mas um amigo meu os conhece e eu destaco por a cá... talvez não existam, mas se existissem morariam na Boa Vista. Em tempo: Soube que nenhum deles é nascido em Recife, mas são todos daqui.



Dados do Censo IBGE, em 2000
População: 14.033 habitantes
Área: 181,4 hectares
Densidade: 77,33 hab./ha

SÉRIE: BAIRROS DO RECIFE

Toda semana iremos postar informações sobre os bairros do Recife, e alguns dados estatísticos sobre os mesmos. Logicamente iremos ierarquiza-los por grau de significãncia para mim: José Leonel.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cuba, cinquenta anos na primeira linha de combate

Por: Olmedo Beluche
Em memória de Celia Hart Santamaría

Neste momento de júbilo, em que os revolucionários do mundo comemoramos cinqüenta anos da Revolução Cubana, me sinto triste pois nos faz falta uma de suas melhores combatentes e seu mais puro produto: Célia Hart Santamaría. Célia foi a ligação, por herança e vontade própria, entre a geração do Moncada e a que deve portar o legado revolucionário e socialista neste século que começa. Sendo talvez a melhor propagandista que já teve a revolução, soube manter uma consciência crítica tão necessária nesta conjuntura decisiva que atravessam Cuba e a América Latina. Ainda que o desânimo me afete, a condição humana me impede de escapar dos sentimentos, assumo a tarefa de dedicar estas linhas de reflexão a um dos acontecimentos mais importantes da história mundial, na certeza de que Celia cumpriria esta tarefa muito melhor. Ela, certamente nos citaria Che: "Em qualquer lugar que nos surpreenda a morte, bem-vinda seja, sempre que esse nosso grito de guerra tenha chegado a um ouvido receptivo, e outra mão se levante para empunhar nossas armas, e outros homens comecem a entoar cantos de luta aos sons de metralhadora e novos gritos de guerra e de vitória." .... (Leia o artigo completo)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

COM UMA PULGA ATRÁS DA ORELHA...

Li a notícia abaixo no Blog do torcedor do JC online, e juro que nunca vi um argumento tão torpe para a indefinição se podemos ou não tomar uma cervejinha nos dias de jogos nos estádios de Pernambuco. Além da falsa polêmica se poderemos beber antes, durante, antes e durante, o centro desta matéria mostra que a consulta ao tribunal "do torcedor" só se dará, caso alguém se dê bem.


Comércio
Indefinida a liberação de bebidas alcólicas nos jogos do Estadual
POSTADO ÀS 18:02 EM 05 DE Janeiro DE 2009
Um amigo jornalista falou comigo, via msn, para fazer o seguinte questionamento:
"E aí, será que eu vou poder tomar umas cervejinhas nos jogos do Campeonato Pernambucano?"
Eis uma boa pergunta.
Quando a CBF solicitou a proibição da venda de bebida alcólica em todos os estádios durante a disputa do Brasileirão, causou preocupação aos dirigentes dos clubes e, principalmente, aos gasoseiros que trabalham nos dias dos jogos, já que a maior parte da renda é garantida com a comercialização da cerva.
Pois bem, conversei com o assessor de imprensa da FPF, Beto Lago, que avisou:
"Isso está indefinido. A FPF está para acertar uma parceria com um fabricante de bebida. Se tudo for acertado, o presidente Carlos Alberto de Oliveira vai solicitar a liberação ao Juizado do Torcedor. Mas, caso a parceria não seja concretizada, nada será feito. Acredito que até quarta-feira tudo seja definido", afirmou. - http://jc.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/index.php

domingo, 4 de janeiro de 2009

Duas Faces da mesma moeda. Entre o Caveirão e o Narcotráfico

Por Henrique Monte, 09.10.2007

Não foi a toa que não vi ainda o tão falado “Tropa de Elite”, primeiro porque soube que existem versões não acabadas, cortes mal feitos, etc...
Outro motivo é porque gosto de ver as mais diversas reações dos que vêem este tipo de filme, para depois assisti-lo, impregnado das impressões e sentimentos, do que cada um disse ou sentiu sobre o filme.
Interessante é que o filme trata da tropa de “elite”, neste caso o nome elite oriundo do francês ”élite” deveria significar o que há de melhor numa sociedade ou num grupo, estando assim carregado de subjetividade.
Para uns, realmente, o melhor que a polícia deveria fazer por nós, seria impor à periferia das cidades - recheada de jovens sem acesso a educação, saúde, emprego, perspectiva alguma e com um esperto batendo a sua porta, oferecendo trinta moedas para levá-lo ao narcotráfico – a morte, o espancamento, a humilhação.
O Dinheiro do narcotráfico, para estes jovens, é o Ouro de Tolo, é a moeda que ele acha que vai comprar os tênis, celulares, armas, games, roupas e outras coisas, jogadas a sua cara todo dia, e que suas vidas comuns jamais vai lhes oferecer. Assim estes jovens caem nas mãos dos gerenciadores do pó, e posteriormente nas garras dos capitães Nascimento.
Por outro lado a palavra “Elite” também significa “A Flor”, mas esta flor tem bala e cacetete que dói, e dói muito. Para estes que sofrem a pressão do narcotráfico e das balas da Polícia da Elite, o filme, que eu ainda não vi, pode traduzir o abuso revelado, a arbitrariedade escarrada, e a lembrança da dor e cicatrizes escarnecidas. Para estes o “Capitão Nascimento” é símbolo de medo, covardia e revolta. E não tem nada de Flor.
Destaque para a classe média, que tão clamorosa pelo cumprimento das leis não se indigna com o fato do personagem ser um fora da lei, ou agir sem legitimidade, porém com a concessão do Estado. Pouco importa se o personagem viola o Código Penal todas as vezes que entra na viatura para fazer uma ronda? Se ele desce com um fuzil na mão, se ele derruba uma porta, se ele ameaça empalar o suspeito? Afinal na favela não se pode atuar de outro jeito?!? O mais importante é que ele vai lá e mata os bandidos. Lá mesmo na favela, longe do asfalto, longe das nossas vistas. Nascimento e os outros policiais do longa existem porque na sociedade, a ideologia dominante paira sobre a classe média, e estes se sentem um pouco eles também.
Para o “status quo” burguês não tem nada melhor do que este ciclo. Você tem a acumulação desde o contrabando e venda de armas, o próprio tráfico, passando pelo descarte de vidas que “não interessam” à sociedade, são peças facilmente substituídas. E com um detalhe cruel, esta situação toda operada por iguais, sim porque a perversão covarde da burguesia também está no fato de arregimentar pobres para atuar contra seus irmãos.
Mas esquecem estes que na periferia das cidades gente de carne e osso, organiza-se, rebela-se e subverte seja a ordem do narcotráfico seja a ordem da burguesia. Anchos de suas verdades e vontades políticas estão combatendo os Nascimentos do Estado e do Narcotráfico.

RETROSPECTIVA 2007/2008

O Blog está sendo reativado por isso estamos republicando algumas postagens, mas quem quiser conhecer o blog dê uma olhada nas postagens anteriores.

Menino-Aranha*

*EXTRAIDO DO BLOG OVELHA POP

04 Janeiro, 2009


Quem viveu em Pernambuco nos anos 90 do século XX certamente há de lembrar de João Tiago, o Menino-Aranha, praticamente uma lenda urbana do Recife. João Tiago, um menino franzino (daqueles de que fala João Cabral em seu Morte e Vida Severina) freqüentava diariamente os noticiários (e páginas policiais) por assaltar apartamentos de luxo escalando prédios de alturas vertiginosas para qualquer um, ainda mais para uma criança de 7, 8 anos. Por essas façanhas, o pequeno anti-herói ficou conhecido como Menino-Aranha.
Filho da exclusão, nascido no hospital psiquiátrico Ulysses Pernambucano, o chamado Hospital da Tamarineira, o Menino-Aranha não conhecia limites e seus assaltos, eram, invariavemente, realizados sem qualquer uso de arma. Um dia, foi encontrado morto, crivado de balas, para alívio da estrutura social que, sem querer ou saber, tanto havia contestado.
É essa história, que oscila entre o fantástico e o terrível (a exemplo de O Labirinto do Fauno), que Mariana Lacerda conta em seu documentário Menino-Aranha. Lançando mão de uma narrativa horizontal, João Tiago é "contado" pelos depoimentos em off das pessoas que conviveram com ele e pelas imagens aéreas de uma Recife muito distante do chão, muito distante da favela e da polifonia dos becos e vielas de onde surgem, diariamente, tantos meninos e meninas desamparados e, por isso mesmo, ameaçadores da ordem e modo de vida de uma classe que esquece que sua opulência e omissão é a geradora de toda violência e contradição.
Há ainda na narrativa de Lacerda algo que chamarei de "estética da ascenção". João Tiago é percebido como um mártir, mas não exatamente nos moldes cristãos ou da esquerda. Sim, ele sobe, diariamente, a sua cruz, que pode ter 33 andares. Sim, essa cruz pode levá-lo ao "paraíso" das instituições que oferecem pão, cobertor e abrigo nas épocas mais difíceis ou ao paraíso do status de ter seu nome estampado nos jornais. Entretanto, João Tiago (que, talvez, não por acaso, carregue consigo os nomes de dois apóstolos) é muito mais um mártir da liberdade pessoal, dos sonhos que se desprendem do chão, da contradição que é ser criança num mundo muito, muito feio.
Ele, se pudesse, poderia até tomar emprestada uma das frases mais conhecidas de Emília, personagem de Monteiro Lobato:
Sou a independência ou morte!