terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

BAIRROS DO RECIFE: CASA AMARELA


Segundo o historiador Pereira da Costa, a mais antiga referência que se encontra sobre a origem da povoação do Arraial, antigo nome do local, é de 1630, quando o general Matias de Albuquerque levantou o forte real do Bom Jesus para proteger o "interior" de Pernambuco contra os holandeses.
Ao redor da fortaleza formou-se um povoado onde acampou todo o exército e a população de Olinda e do Recife que havia abandonado suas casas por ocasião da invasão holandesa.
Esse Arraial, o Velho do Bom Jesus (atual Sítio da Trindade), é o núcleo mais antigo de Casa Amarela.
Uma multidão de vendedores de mantimentos estabeleceu-se na localidade, mas uma enchente do Capibaribe, no final de 1631, causou grandes prejuízos aos comerciantes, inutilizando mercadorias e derrubando muitas casas.
Houve também vários ataques dos holandeses ao forte até que, em 1635, deu-se a sua rendição devido à falta de alimentação e de material bélico para combater o inimigo.
Depois da rendição, muitos dos moradores voltaram ao Arraial, restauraram as casas destruídas, construíram outras, surgindo assim a chamada Povoação do Arraial Velho. Essa povoação regular teve origem no final do século XVIII, com a extinção dos engenhos Monteiro e Casa Forte e a divisão de suas terras em diversos sítios.
Só muito depois a localidade passou a ser chamada de Casa Amarela. O nome se deve, segundo a tradição, a uma casa sempre pintada de amarelo que existia próximo ao terminal da estrada de ferro e que servia de referência na região.
Já a ocupação dos vários morros que integraram o bairro se deu a partir do início do século XX, através do aluguel de chão (aforamento) feito por famílias que eram grandes proprietárias de terras naquela região.
O bairro de Casa Amarela destaca-se por vários movimentos de resistência de esquerda durante o século 20, a luta por moradia, pela posse do solo, e por melhores condições de vida fez parte da constituição político-social deste bairro. Entre as décadas de 1970/80, essa luta pelas terras teve à frente o movimento denominado Terra de Ninguém. Não foi à toa que extirparam seus rebentos dos seus seios: O Alto José Do Pinho, o Morro da Conceição e o Alto José Bonifácio.
Casa Amarela já foi uma das localidades de maior densidade demográfica do Recife, porém, a partir de 1988, através da Lei municipal 14.452, que redefiniu as coordenadas geográficas e criou os atuais 94 bairros da cidade, o bairro perdeu as suas áreas de morro, com exceção do Alto Santa Isabel.
O bairro já possuiu dois cinemas o Rivoli e o Albatroz e uma feira livre bem maior que a de hoje, estendendo-se até a Estrada do Arraial.
A estrutura metálica do seu mercado público, um dos maiores e mais freqüentados da cidade, e foi montada por lá no início dos anos 30. do Séc XX.

DADOS ESTATÍSTICOS:
População: 25.543 habitantes Área: 185,0 hectares Densidade: 138,04 hab./ha

Fontes:
- FUNDAJ – Arquivos digitais disponíveis no sítio – www.fundaj.br
- ALVES, Cleide. Casa Amarela. Jornal do Commercio, Recife, 16 fev. 2000. Cidades. p. 7.
- PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Arredores do Recife. 2. ed. autônoma. Apresentação e organização de Leonardo Dantas Silva. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 2001. p. 34-39.
- MONTE, HENRIQUE. Formação Econômico-Social da Zona Norte do Recife. UFPE - 2003 p. 6-7
- IBGE –CENSO 2000


NOTAS DO JOSÉ:

Lá viveu até o início do novo século 20 uma viúva, genitora do genitor do meu principal contato com o mundo recifense, meu alter-ego. Por lá também nasceu e foi criado um famoso personagem das lendas urbanas do Recife , “a velha” depois de circular pelo Rio de Janeiro e lá abandonar uma criança mudou-se para Casa Forte. E hoje assombra terras de além-mar travestido de “Fafá de Belém”.
Para não dizer que não falei das flores, fazer feira no Mercado e, na feira, de Casa Amarela é mais que por compras nas sacolas. É chegar cedo para comprar frutas, verduras e queijos frescos, castanha quentinha. E depois tomar um café da manhã no capricho, segundo um tal de Zé Gomes, tem um segredo para ser bem servido a senha é, pedir “no capricho”(cuscuz, queijo de coalho, charque, um bom molho de guisado e refresco de cajá bem gelado) para aí sim embarcar na cerva “cú de foca”, na caninha acompanhados pela galinha seja assada ou de cabidela.
PS.: Não esqueçam de pedir para guardar na geladeira o queijo.

2 comentários:

Anônimo disse...

É de uma riqueza incontestável as informações contidas nessas séries dos Bairros do Recife, exatamente o avesso das notas sobre esse tal de “Terror do Nordeste” ou similar. Não sou do “Mais Querido”, muito menos brinco com bonecas, mas deixo aqui meu protesto.
Aguardarei ansioso por uma matéria sobre o bom e não mais tranqüilo Bairro dos Artistas, a velha “Iputinga” Um abraço!

Anônimo disse...

Muito bem feito este histórico sobre o mercado de Casa Amarela e das maravilhas que este fantástico bairro pode nos oferecer. Tive o grande prazer de conhecer essa lenda urbana chamada "a velha" e que hj está disfarçada de "Fafá e Belém". Contam por aí que "Fafá de Belém", nos finais de julho irá fazer um dueto com "Alcione", a marrom, em vários bares do Recife. Tb tive o orgulho de tomar o café da manhã junto com este tal de Zé Gomes, e vi que ele sabe quais são os segredos para pedir um bom café no mercado. Com certeza uma ótima combinação seria tomar um café no mercado, com esse tal de Zé Gomes, assim que acabasse um espatáculo de "Fafá de Belém" e "a marrom".
Abraço.